Chegou a hora. Depois do período de menos intensidade que acomete os cinemas em janeiro (quando os estúdios não querem queimar suas principais apostas, uma vez que muita gente não está preocupada em ir ao cinema), a partir de fevereiro começaremos a ver a chegada de muitos filmes interessantes. Sejam adaptações literárias, continuações de filmes de sucesso (ou nem tanto) ou tentativas de criar algo do zero, logo as salas pelo Brasil vão oferecer opções que podem parecer promissoras à primeira vista. Mas será que uma análise um pouco mais detalhada aponta um possível bom filme, ou será que aquele poster na parede do cinema esconde uma bomba? Faço então um apanhado de vários lançamentos previstos para os cinemas brasileiros ao longo de 2016, indicando os pontos a favor e contra cada filme, e ponderando como isso tudo poderá se combinar.
Obs.: as datas de lançamento foram obtidas a partir do cruzamento de informações do IMDb com sites brasileiros, mas não garanto que estejam plenamente corretas. O primeiro filme da lista, por exemplo, tem lançamento estipulado para a próxima quinta-feira, mas ainda não vi nenhum indício concreto de que esteja prestes a chegar aos cinemas.
Obs.2: Não vou falar de continuações a cujos anteriores eu não assisti, o que elimina Kung Fu Panda 3 e Zoolander 2. Também não vou incluir filmes indicados ao Oscar, já que eles serão tratados à exaustão. Por fim, deixarei de fora filmes alternativos, independentes ou de menor notoriedade, focando em produções mais populares.
Boneco do Mal (The Boy, William Brent Bell) – 04 de fevereiro
A premissa é genérica, e o diretor tem uma carreira menos que medíocre. Mas serve como oportunidade de ver Lauren Cohan fora de seu papel de Maggie Greene na série The Walking Dead. Provavelmente só servirá para isso, pois deve ser um filme ruim.
Deadpoll (idem, Tim Miller) – 11 de fevereiro
Depois da participação besta do personagem no filme X-Men Origens: Wolverine (X-Men Origins: Wolverine, Gavin Hood, 2009), duvidei que Deadpoll teria outra chance no cinema. Não só ele está de volta como até o ator foi mantido. Considere-se ainda o fato de o diretor ser novato – é o primeiro longa de Tim Miller – e o filme parece uma bomba garantida. Por outro lado… Além de o trailer sem bastante interessante na sua mistura de ação e humor politicamente incorreto, a notória canastrice de Ryan Reynolds pode trabalhar a favor do filme. Os roteiristas são os mesmos de Zumbilândia (Zombieland, Ruben Fleischer, 2009), o que também conta a favor, considerando que os dois filmes compartilham da mesma combinação citada. Em resumo, é uma aposta incerta, mas vou dizer que será um filme divertido, e melhor que os dois filmes solo do Wolverine.
Deuses do Egito (Gods of Egypt, Alex Proyas) – 25 de fevereiro
O início do verão americano geralmente conta com um épico de fantasia (Fúria de Titãs 1 e 2 e John Carter, por exemplo), e o histórico mostra que pouca coisa boa vem dessa tendência. Poderia Deuses do Egito ser um ponto fora da curva? Os trailers não fogem do esperado, frases de efeito, uma ou outra piadinha e um caminhão de efeitos especiais. O que conta muito a favor é a presença de Alex Proyas na direção. Ele dirigiu O Corvo (The Crow, 1994), Cidade das Sombras (Dark City, 1998), Eu, Robô (I, Robot, 2004) e Presságio (Knowing, 2009), então com certeza merece um voto de confiança. Quem se decidir por assistir provavelmente ganhará mais procurando as telas de Imax.
Orgulho e Preconceito e Zumbis (Pride and Prejudice and Zombies) – 25 de fevereiro
A repaginação de histórias bem conhecidas (denominada pelo termo inglês reimagining, ou reimaginação) de um jeito excêntrico, que se intensificou nos últimos anos, tem produzido resultados dúbios. Para cada Bastardos Inglórios (Inglorious Basterds, Quentin Tarantino, 2009) ou Branca de Neve (Blancanieves, Pablo Berger, 2012) há um A Garota da Capa Vermelha (Red Riding Hood, Catherine Hardwicke, 2011) ou um Deu a Louca na Cinderela (Happily N’Ever After, Paul Bolger & Yvette Kaplan, 2006). Agora chega uma das versões mais excêntricas, a adaptação para o cinema do livro Orgulho e Preconceito e Zumbis, no qual Seth Grahame-Smith reconta a clássica história escrita por Jane Austen mas em um mundo em que a peste negra transformou a maior parte da população em zumbis. Em princípio, parece um fracasso pronto para acontecer. Por outro lado, o livro tem reputação boa tanto entre o público em geral quanto entre fãs de zumbis. Burr Steers tem uma carreira inexpressiva como diretor, mas como roteirista escreveu o ótimo Como Perder um Homem em 10 Dias (How to Lose a Guy in 10 Days, 2003). É um bom indício, sem dúvida. Acredito que será um filme bastante divertido, e uma agradável surpresa para quem julgá-lo pela primeira impressão.
Ave, César! (Hail, Caesar!, Joel & Ethan Coen) – 25 de fevereiro
É um filme dos irmãos Coen. Deve ser o suficiente para convencer qualquer um a vê-lo. Mas se você ainda precisa de algum convencimento, confira os trailers e o elenco. Tudo conspira a favor. Pode ser o filme – e deve ser a comédia – do ano.
A Bruxa (The Witch, Robert Eggers) – 03 de março
Filmes de terror inspirados pela colonização da América do Norte (em especial o meio oeste no século XVII) têm grande potencial, e A Bruxa explora os fatores cruciais: puritanismo, lugares ermos e, obviamente, a possibilidade de uma bruxa. O trailer passa a impressão de um clima de constante tensão. Nem o diretor nem ninguém no elenco é um grande nome, o que parece contribuir para a sensação de verossimilhança. A Bruxa pode ser o Invocação do Mal deste ano, um inesperado fenômeno em uma linha que não conta com muitos fenômenos.
Invasão a Londres (London Has Fallen, Babak Najafi) – 03 de março
O primeiro já era fraquinho. Este dá a impressão de ser apenas uma versão anabolizada. Pouca coisa boa pode sair daqui. Mas tem Morgan Freeman, e isso é alguma coisa.
Rua Cloverfield, 10 (10 Cloverfield Lane, Dan Trachtenberg) – 10 de março
Até duas semanas atrás não se sabia da existência de uma sequência para o bem sucedido Cloverfield – Monstro (Cloverfield, 2008). O trailer do filme estreou de surpresa nas sessões de 13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi (13 Hours: The Secret Soldiers of Benghazi, Michael Bay. 2016). O projeto vinha sendo desenvolvido sob o título de Valência. Originalmente, o roteiro não tinha conexão com Cloverfield. Depois de adquiridos os direitos para produção do filme, houve revisões do roteiro e eventualmente surgiu a ideia de mudar a ação do filme para o universo de Cloverfield. Por isso os produtores não chamam de sequência nem de prólogo, tendo um deles descrito Rua Cloverfield, 10 como uma “parente consanguíneo” do original. O que esperar, então? O trailer é muito bom, e o envolvimento de Damien Chazelle, roteirista e diretor de Whiplash (idem, 2014) aumenta a expectativa. Espero que seja um filme digno do primeiro. E quem sabe esse universo se expande. Seria ótimo.
A Série Divergente: Convergente (The Divergent Series: Allegiant, Robert Schwentke) – 17 de março
Até agora, a série Divergente não produziu nenhum filme realmente bom. É verdade que também não produziu nenhum filme ruim, mas a já exaurida tática de dividir um livro em múltiplos filmes acrescenta um fator de risco. Há a possibilidade de que as experiências anteriores tenham ensinado algo aos produtores, e eles escapem de fazer um filme que parece prólogo para o próximo. Avaliar a carreira do diretor também não dá indícios concretos; se por um lado ele dirigiu o ótimo RED: Aposentados e Perigosos, por outro foi responsável pela bomba R.I.P.D. – Agentes do Além. Por fim, o início de toda uma nova trama aumenta ainda mais os riscos. Minha aposta é que será o menos interessante dos filmes da série, e não receberá muita atenção.
Zootopia: Essa Cidade é o Bicho (Zootopia, Byron Howard, Rich Moore & Jared Bush) – 17 de março
Uma premissa reciclada (criminoso e policial se unem para barrar uma conspiração) e diretores pouco experientes – um deles dirigiu Detona Ralph (Wreck-it Ralph, Rich Moore, 2012) e, muitos anos atrás, episódios de Os Simpsons e Futurama – Zootopia parece não ter fatores que o creditem a se tornar um grande filme.
Batman vs Superman: A Origem da Justiça (Batman v Superman: Dawn of Justice, Zack Snyder) – 24 de março
A grande aposta da temporada. Juntar Batman e Superman no cinema pela primeira vez é a maior – e possivelmente a única – cartada de que a DC poderia fazer uso para tentar alcançar o sucesso da Marvel. Desde o anúncio do filme na Comic-Con de San Diego pareceu que esse encontro não havia sido planejado para ser a sequência do ótimo O Homem de Aço. Pareceu, ao contrário, uma tentativa de acelerar o processo de criar a Liga da Justiça. Essa sensação ficou mais forte com os anúncios de que apareceriam ainda a Mulher Maravilha e o Aquaman. Veio o primeiro trailer e pareceu bom; veio o segundo e pareceu melhor ainda. Aí vieram os spots de 30 segundos. Depois veio o terceiro trailer, e pareceu que todo o filme já tinha sido contado. Como bem disse um colunista americano, o terceiro trailer assumiu o caráter de propaganda de brinquedos. O bom momento se dissipou.
Ninguém em sã consciência vai ignorar o potencial de um encontro dessas proporções na tela grande. A grande questão é: a produção conseguirá equilibrar todos os fatores e extrair o melhor da situação? O diretor Zack Snyder já tem vários bons filmes na carreira, inclusive O Homem de Aço. David Goyer volta a escrever o roteiro; ele escreveu, além de O Homem de Aço, a trilogia Batman Begins, O Cavaleiro das Trevas e O Cavaleiro das Trevas Ressurge. Junta-se a ele Chris Terrio, vencedor do Oscar de melhor roteiro por Argo. O diretor de fotografia é Larry Fong, que tem no currículo Watchmen, Super 8 e Truque de Mestre. No elenco há nomes como Jeremy Irons, Laurence Fishburn, Diane Lane, Amy Adams e Jesse Eisenberg. No papel, é um timaço do início ao fim. Mas nem sempre isso se traduz em vitória.
No fim das contas, é o seguinte: se tudo der certo, BvS será um dos filmes mais importantes e mais lembrados no subgênero de adaptações de HQs. Não acredito que vá dar tudo certo, mas creio que será um filme marcante.
Capitão América: Guerra Civil (Captain America: Civil War, Anthony & Joe Russo) – 05 de maio
E logo a seguir na linha das apostas ousadas vem Capitão América: Guerra Civil, chamado por muitos de Os Vingadores 2.5. Não apenas uma grande quantidade dos heróis já conhecidos voltará menos de um ano depois de Vingadores: Era de Ultron, como ainda alguns personagens serão introduzidos em meio a esse grupo imenso. É possível que os novos personagens não sejam apropriadamente desenvolvidos. Por outro lado, é possível que os personagens já queridos do público não apareçam tanto. Não há nenhuma dúvida de que será um sucesso estrondoso em termos financeiros, mas corre o risco de romper o delicado equilíbrio que os filmes da Marvel têm conseguido estabelecer. Fica ainda outra questão: a Marvel terá coragem de fazer jus à ideia de guerra civil e matar algum personagem importante? Entretanto a essa altura qualquer um que tenha prestado atenção nos últimos anos deve ter aprendido a dar voto de confiança à Marvel. Dito isso, aposto que será um filmaço.
Angry Birds: O Filme (The Angry Birds Movie, Clay Kaytis & Fergal Reilly) – 12 de maio
Baseado em um jogo de extremo sucesso e com dois diretores que nunca dirigiram nada, este aqui tem 99% de chance de ser apenas um caça-níqueis.
X-Men: Apocalipse (X-Men: Apocalypse, Bryan Singer) – 26 de maio
Qual a melhor franquia de blockbusters da atualidade? X-Men. A única questão aqui é se a maldição da parte 3 vai se aplicar. Na primeira trilogia, os excelentes X-Men e X-Men 2 foram seguidos pelo lamentável X-Men: O Confronto Final. A trilogia atual trouxe os excelentes Primeira Classe e Dias de um Futuro Esquecido. Se mantiver o nível, Apocalipse entra como favorito a melhor blockbuster do ano. O único problema é a saída de Matthew Vaughn e Jane Goldman do time de roteiristas. Esse é, entretanto, um problema potencialmente muito grande. Com eles, X-Men: Apocalipse seria uma aposta certa; sem eles, fica mais complicado avaliar. Ainda assim, acho que será um belo filme e um dos melhores do ano.
Alice Através do Espelho (Alice Through the Looking Glass, James Bobin) – 26 de maio
O primeiro filme teve seus problemas, mas contou com a força da história clássica de Lewis Carroll e a inspiração visual de Tim Burton. A continuação, além de contar com um diretor sem credenciais, tem sua trama alterada para – surpresa! – aumentar a importância do Chapeleiro Maluco (ou melhor, do ator Johnny Depp). Filmes muito preocupados com a importância de um ator são um convite ao fracasso, e Depp fazendo personagens excêntricos é um truque que todos já conhecemos. A ambição indica que Alice Através do Espelho decepcionará.
As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras (Teenage Mutant Ninja Turtles: Out of the Shadows, Dave Green) – 02 de junho
É muito difícil botar fé em um filme com o DNA dessa nova aventura das Tartarugas Ninja. O diretor não tem uma carreira que inspire confiança, o elenco é em média quando muito razoável, o trailer indica que o humor vai continuar sendo bobo e, acima de tudo, é produzido pela Nicklodeon. O melhor ponto a favor é que a dupla de roteiristas escreveu o bom Missão: Impossível – Protocolo Fantasma. Ainda assim, aposto em um filme medíocre, na melhor das hipóteses.
Invocação do Mal 2 (The Conjuring 2, James Wan) – 09 de junho
Alguém poderia argumentar que Invocação do Mal 2 não se presta a ser blockbuster. Julgando, por outro lado, a bilheteria do primeiro filme (cerca de 318 milhões de dólares) e o fato de ser a continuação de um filme bastante querido, acredito que este fará sim jus a ser chamado de arrasa-quarteirão. Se será bom? A equipe é a mesma do primeiro filme, o que indica que a qualidade será mantida, mas sem o mesmo frescor. Acredito em um bom filme, mas sem tanto brilho.
Truque de Mestre 2 (Now You See Me 2, Jon M. Chu) – 09 de junho
Logo a seguir chega outro underdog candidato a blockbuster, a continuação de Truque de Mestre. O caso é muito parecido com o de Invocação do Mal: um filme que não é, em princípio, material para blockbuster mas que é continuação de outro que se saiu muito bem (até a bilheteria dos dois é semelhante, no caso deste US$351 milhões). O elenco fantástico é um grande trunfo. O problema é o diretor, que até o momento fez apenas filmes genéricos e sem vida. Por causa dele, não tenho fé neste projeto. Aposto em um filme cansativo, sem ritmo e até mesmo irritante em alguns momentos.
Warcraft (idem, Duncan Jones)- 09 de junho
Dos três lançamentos do dia 09, o que realmente tem cara e ambição de blockbuster é Warcraft, baseado na série de videogames e livros que conta, dentre outros títulos, com World of Warcraft, videogame mais bem sucedido da história. Com esse tipo de ligação e considerando o tom épico do trailer, é óbvio concluir que a expectativa do estúdio é ter um grande sucesso nas mãos, bem como o início de uma franquia. Entretanto o trailer não é exatamente ótimo, dando em vários momentos a impressão de um épico de ação genérico, tipo Jack, O Caçador de Gigantes (exceto com um visual muito mais requintado). O que conta a favor é a presença de Duncan Jones na direção. Responsável pelos ótimos Lunar e Contra o Tempo, Jones tem o desafio de encarar seu primeiro filmão hollywoodiano. Acredito que fará um bom trabalho, e o filme será acima da média e justificará a franquia.
Independence Day: O Ressurgimento (Independence Day: Resurgence, Roland Emmerich) – 23 de junho
Longos dez anos após a primeira invasão alienígena, a humanidade precisa travar uma nova grande batalha para evitar a própria destruição. O trailer é interessante, mas não elimina a possibilidade da velha fórmula “original com máquinas maiores e mais explosões”. Vale avaliar a carreira do diretor. Emmerich alterna filmes de sucesso financeiro com filmes que pouca gente vê, mas em termos de qualidade nunca teve grande sucesso. É possível que seu melhor filme seja Independence Day, o que por um lado é bom, já que ele está trabalhando novamente com o mesmo material, mas por outro lado é perigoso, uma vez que muito do que ele usou dez anos atrás para construir sua trama hoje é clichê, nada mais que muletas narrativas utilizadas e reutilizadas à exaustão. O Ressurgimento é um tiro no escuro, na melhor das hipóteses poderá sem um filme de ação de qualidade com a quantidade suficiente de drama para que nos importemos com os personagens. Pelo lado mais negro, poderá ser uma versão piorada dos trabalhos recentes do diretor, como 2012 e 10.000 A.C., e aí será melhor passar longe.
Procurando Dory (Finding Dory, Andrew Stanton & Angus MacLane) – 30 de junho
Não sei muito bem o que esperar deste aqui. Dory funcionou bem no primeiro filme como uma coadjuvante divertida. Trazê-la ao centro da trama talvez não seja a melhor das ideias. O diretor, porém, é o mesmo de Procurando Nemo – e também de WALL-E – , o que é motivo para criar boas expectativas. O trailer não oferece evidências concretas nem para o bem nem para o mal. Aposto em um filme divertido, mas de qualidade não muito acima da média.
A Lenda de Tarzan (The Legend of Tarzan, David Yates) – 30 de junho
A primeira impressão é de uma bom atômica. Porém David Yates fez um bom trabalho na série Harry Potter, e o elenco aqui é bom. Se tudo conspirar a favor, pode ser razoável, mas não o vejo sendo mais do que isso.
As Caça-Fantasmas (Ghostbusters, Paul Feig) – 14 de julho
Faz anos que há rumores de um novo filme da franquia Os Caça-Fantasmas. No fim das contas, não serão Os, mas As. Ainda não há trailer e mesmo a trama não é conhecida. Há de se ter fé no diretor Paul Feig, responsável pelos divertidos Operação Madrinha de Casamento e As Bem-Armadas e pelo ótimo A Espiã que Sabia de Menos. Por outro lado, não se deve deixar passar o fato de que todos esses três filmes têm vários fatores em comum. Por enquanto vem funcionando, em grande parte por causa da talentosa Melissa McCarthy. Vai funcionar de novo? Espero que sim, mas nesse ponto, com a informação disponível, não faço apostas.
A Era do Gelo: O Big Bang (Ice Age: Collision Course, Mike Thurmeier & Galen T. Chu) – 21 de julho
Quinta parte de uma série que se exauriu na segunda, com um diretor que só fez filmes da mesma série ) e só da parte fraca dela. O trailer tem exatamente uma boa piada. Espere uma porcaria.
Star Trek: Sem Fronteiras (Star Trek Beyond, Justin Lin) – 21 de julho
Por um lado, o trailer dá a impressão de um filme de ação pouco preocupado com a trama. Além disso, as tentativas de humor são, sinceramente, patéticas. A trama, aliás, não está estabelecida. O que resta de esperança é a presença de Justin Lin na direção. Diretor das partes 4, 5 e 6 da franquia Velozes e Furiosos, é justo dizer que ele consegue fazer filmes de ação de qualidade. Mesmo asism, é pouquíssimo provável que seja um filme digno das duas primeiras partes dessa nova fase de Jornada nas Estrelas.
Filme da franquia Bourne ainda sem título – 28 de julho (nos EUA)
Não há como avaliar corretamente um filme que não tem nem mesmo um título oficial ainda. A notícia mais recente é de que o trailer estreará no intervalo do Super Bowl, em 7 de fevereiro. Até lá, fica a grande expectativa de ter novamente a dupla Paul Greengrass na direção e Matt Damon como Bourne. Estão no elenco ainda Julia Stiles, Tommy Lee Jones, Vincent Cassel e a queridinha Alicia Vikander. Um timaço.
Esquadrão Suicida (Suicide Squad, David Ayer) – 04 de agosto
Quem conhece o Esquadrão Suicida? Pouca gente. Tanto que a maior parcela de atenção que a produção recebeu foi em função da escolha de Jared Leto para interpretar o Coringa. Para quem sabe do que se trata, a tentativa de trazer ao cinema a história de um grupo de vilões recrutados para enfrentar missões secretas de alto risco apresenta uma daquelas tentativas que dependem de atingir o equilíbrio exato entre a seriedade e o bom humor. Talvez uma boa comparação seja com Guardiões da Galáxia, outro grupo igualmente pouco conhecido pelo público em geral até a chegada do filme. Mas e então, será que a versão para o cinema acertará a mão? O primeiro trailer, lançado durante a San Diego Comic-Con, mostrou bom potencial. Então veio o segundo trailer, e é absolutamente fantástico. Ao som de Bohemian Rhapsody, vemos a real possibilidade de um filme que mergulha na loucura e cria algo preciso, redondo. Esquadrão Suicida tem uma chance real não apenas de ser o filme hollywoodiano mais surpreendente do ano, como até de ser o melhor.
Gambit (idem, Doug Liman) – 06 de outubro
É difícil até de achar uma fonte confiável para a data de lançamento de Gambit. Trailer, trama, poster, não há nada exceto o nome do diretor, do ator principal (Channing Tatum) e da possível presença de Léa Seydoux. Liman dirigiu recentemente o ótimo No Limite do Amanhã (Edge of Tomorrow, 2014). Por outro lado, Gambit não tem virtualmente nenhum desenvolvimento prévio no cinema, e mesmo nos quadrinhos não tem uma história tão longa quanto a maioria dos X-Men mais famosos. Não é um personagem para o qual o protagonismo em um filme virá naturalmente. Apesar de adorar a ideia de outro filme solo de um mutante, tenho sérias dúvidas quanto a este projeto. E acho que não será nem lançado neste ano, apesar do plano ser aparentemente esse.
Doutor Estranho (Doctor Strange, Scott Derrickson) – 03 de novembro
Qualquer filme estrelado por Benedict Cumberbatch já merece ser visto. Já o diretor Scott Derrickson teve uma chance para encabeçar uma produção de maior porte e não obteve grande sucesso com O Dia em que a Terra Parou (The Day the Earth Stood Still, 2008). Dar uma olhada no restante do elenco aumenta a esperança. Temos Rachel McAdams, Tilda Swinton, Mads Mikkelsen e Chiwetel Ejiofor. Considerando o crédito que a Marvel tem, o bom elenco e a qualidade do trabalho de Derrickson em filmes de mais baixo orçamento, dá para apostar que Doutor Estranho será um belo filme.
Animais Fantásticos e Onde Habitam (Fantastic Beasts and Where to Find Them, David Yates) – 17 de novembro
Reviver uma franquia de sucesso que contou sua história até o fim é arriscado. A escritora J.K. Rowling tentou com o livro Animais Fantástico e Onde Habitam prolongar o sucesso da franquia Harry Potter, cuja história principal se completou com Harry Potter e as Relíquias da Morte (Harry Potter and the Deathly Hallows), adaptado para o cinema em duas partes, ambas dirigidas pelo mesmo David Yates. Desta vez, Rowling escreve também o roteiro, o que será a primeira vez para ela. Escritores que se aventuram como roteiristas talvez não consigam vencer as diferenças entre as duas formas de escrita, o que pode comprometer a qualidade do roteiro. Yates, por outro lado, trabalhou bem em todos os filmes da série que dirigiu. A análise do elenco não ajuda a tirar conclusões, uma vez que os nomes principais já tiveram bons e maus momentos – o protagonista Eddie Redmayne, vencedor do Oscar de melhor ator por A Teoria de Tudo, teve desempenho fraquíssimo em O Destino de Júpiter (Jupiter Ascending, 2015). Embora este aqui possa se revelar um belo filme, certa cautela é recomendada.
Rogue One: A Star Wars Story (ainda sem título no Brasil, Gareth Edwards) – 15 de dezembro
A nova fase de Star Wars, agora como propriedade dos Estúdios Disney e seguindo a mentalidade Marvel de trabalhar universos cinematográficos, começou avassaladora com O Despertar da Força. Agora virá um teste particularmente especial, que é iniciar o chamado universo expandido na tela grande em live action. Em outras mídias e em filmes de animação já foram contadas muitas histórias ligadas ao universo dos acontecimentos da trama principal, mas até agora essas histórias se mantiveram restritas aos círculos de fãs. A missão não é simples. O Despertar da Força contou com toda a atenção que o estúdio poderia oferecer, bem como a boa vontade do público, e ainda teve a possibilidade de se apoiar nos filmes anteriores da séria, inclusive replicando quase exatamente muitos elementos de Uma Nova Esperança; o próximo filme não poderá contar com esses fatores na mesma proporção. Para começar a levar essas aventuras “solo” a um público mais amplo, a Disney escolheu Rogue One: A Star Wars Story, livremente traduzido como Renegado Um: Uma História de Guerra nas Estrelas (vale lembrar que Guerra nas Estrelas não é mais usado, sendo empregado sempre o título Star Wars). A trama segue o grupo que consegue adquirir o projeto da Estrela da Morte, informação essa que guia os rebeldes no já citado Uma Nova Esperança. Um bom elenco e a direção de Gareth Edwards – que já esteve à frente de Monstros (Monsters, 2010) e Godzilla (idem, 2014) – trazem bons auspícios para esta produção, que dificilmente terá um sucesso financeiro tão grandioso quanto seu predecessor direto, mas que terá a liberdade para ser um filme ousado, com identidade própria. Resta torcer.
Assassin’s Creed: O Filme (Assassin’s Creed, Justin Kurzel) – 29 de dezembro
Mais uma tentativa de adaptar videogames para o cinema. Dos três pretendentes deste ano (Warcraft e Angry Birds, além deste), Assassin’s Creed me parece o que tem a melhor chance de ser um filme realmente bom. O jogo, além de muito bem sucedido, se presta a adaptações. O elenco é forte. O diretor e os roteiristas têm pouco experiência, mas parecem ter algum potencial. É muito cedo para avaliar – sendo o filme de lançamento mais distante, obviamente não há muita informação disponível – mas vale manter a esperança e ficar de olho no que for aparecendo ao longo da divulgação do filme.
Enfim, alguns desses filmes serão muito bons, e alguns serão muito fracos. Provavelmente vou me surpreender com alguns que contrariarão minhas previsões. Mas fica a torcida para que, no geral, o nível seja bem alto. E vocês, que filmes acham que serão os melhores? E os piores? Vamos ver quem acerta mais.