Monstros gigantes de outra dimensão passam a atacar a Terra, vindos de uma brecha nas profundezas do Oceano Pacífico. Quando tanques e jatos se mostram ineficazes para combater os invasores, a humanidade cria robôs gigantes, comandados por dois pilotos ao mesmo tempo. Inspirados pelas clássicas estórias de monstros e robôs gigantes vindas principalmente do Japão, Guillermo del Toro e o roteirista Travis Beacham (que escreveu também o Fúria de Titãs de 2010) trazem para as telonas algo que parece um primo rico de Jaspion.
Indo contra a moda de contar estórias de origem, Círculo de Fogo narra rapidamente a chegada dos primeiros kaiju (nome dado aos monstros), a invenção dos jaeger (alcunha dos robôs), a campanha vitoriosa da humanidade e a recuperação dos alienígenas. O filme começa, mesmo, quando o programa jaeger está prestes a ser eliminado. Mesmo no prólogo, já é possível perceber que a estória não é o forte da produção: a narrativa é previsível e os clichês abundam. A estrutura é a fundamental “jornada do herói” (termo que define a narrativa clássica de um personagem central, baseada na estória de Ulisses na Odisseia). Interessante é que isso tudo não deixa de remeter às séries de TV que, voltadas ao público jovem, também apresentavam dramas simples e estruturas convencionais.
Visualmente falando, é um filme de del Toro, mas um tanto controlado. Não apresenta tantas maluquices quanto a franquia Hellboy ou o fabuloso O Labirinto do Fauno; mesmo assim, funciona, tanto pela interessante construção visual dos jaeger quanto pela forma como filma Hong Kong, em seus tons avermelhados e sua mistura de elementos (destaque para o prédio construído usando um esqueleto de kaiju como estrutura. As lutas, que são a razão de ser do filme, são bastante competentes. Não me incomoda a edição rápida de que tantos reclamam, por exemplo, nos dois Bourne dirigidos por Paul Greengrass, mas há momento para tudo, e a opção por tornar as lutas facilmente acompanháveis é acertada em Círculo de Fogo: quem era fã dos Changeman, Flashman – ou mesmo dos Power Rangers – certamente assistirá ao filme de del Toro esperando ver robôs e monstros trocando golpes, e isto o filme oferece com qualidade e quantidade apropriadas.
Quando do fim de semana de lançamento de Pacific Rim nos cinemas dos Estados Unidos e Canadá, um jornalista comentou a bilheteria – relativamente baixa – dizendo que é comum reclamar da falta de filmes originais, mas quando eles são feitos, as pessoas não vão aos cinemas assistir. É um comentário válido. Independentemente de achar Círculo de Fogo melhor ou pior do que Homem de Ferro III, Além da Escuridão – Star Trek ou O Homem de Aço (o que vai da preferência pessoal de cada um), certamente é um filme que merece ser visto na tela grande do cinema tanto quanto os demais blockbusters citados. Para quem mora nas grandes cidades, pelo menos, ainda há tempo.
P.S.: me ocorre que há certa dúvida em relação ao significado do título original. Pacific Rim é um termo utilizado para significar as fronteiras terrestres do Oceano Pacífico (e todos os países mostrados ou citados no filme fazem parte deste conjunto geográfico). O Círculo de Fogo do Pacífico (Pacific Ring of Fire) é o termo que designa a área de alta atividade tectônica e vulcânica sob o oceano. As duas áreas são muito parecidas, na prática, mas os conceitos são diferentes. A principal diferença entre o rim e o ring of fire é a costa leste da Austrália, que pertence ao primeiro, mas não ao segundo.
Não assisti o filme mas pela descrição feita e pela imagem postada do monstro em cima de um barco me lembra bastante o anime Evangelion. Aposto que só não vai ter a porção “religiosa” que o anime tem.
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Oi Nadia. Realmente, quem conhece Evangelion diz que os dois têm muita coisa em comum. Abraço!
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