Vocês estão acompanhando o caso da Unick? Lembram da Telexfree? E da BBOM? Fazendas Reunidas Boi Gordo? Quem perdeu dinheiro com esses “investimentos” sabe do que se trata. São alguns dos exemplos mais famosos de golpes financeiros na história recente do Brasil. Infelizmente, há quem tenha caído em dois ou mais casos assim. Mas é preciso ser cuidadoso antes de julgar, porque os golpistas que oferecem tais produtos são inteligentes e experientes na arte de vender sonhos. Em geral, eles têm prontos vários argumentos, bem como possuem respostas para muitos questionamentos. O ponto principal, entretanto, é a recompensa prometida. Depois que eles colocam a possibilidade de grande ganho, o ouvinte fica predisposto a ser convencido. Em outras palavras, quer acreditar nos argumentos para poder acreditar na promessa.
É aqui que entra o conceito de risco x retorno, uma bela forma de se proteger de coisas que parecem boas demais para serem verdade – que, quase sempre, são mentira mesmo. Essencialmente, todo investimento se baseia na relação entre o risco (a possibilidade de perda) e o retorno (a recompensa oferecida). Por que a poupança paga pouco? Porque ela tem baixo risco. Por que um banco pequeno paga taxas maiores no CDB? Porque ele representa risco maior do que os grandes bancos, sólidos e estabelecidos. O que todo investidor gostaria de encontrar é um investimento que paga altas taxas de retorno sem risco nenhum. Claro, eu adoraria que alguém batesse na minha porta e me entregasse dinheiro, sem esforço, sem risco, tudo dentro da lei, sem prejudicar ninguém. Só que isso é ficção.
Vamos olhar para alguns dados reais:
– A poupança paga, hoje, 4,55% ao ano;
– A taxa básica de juros, famosa SELIC, está em 6% ao ano;
– A projeção para o IPCA (principal índice de inflação) para 2019 é de 3,54%;
– O CDI de 2018 foi de 6,42%.
O que eu quero dizer com isso? Não faz nenhum sentido um investimento que prometa, por exemplo, 1% ao mês, todo mês, sem risco de perda, com possibilidade de sacar a qualquer momento (ou seja, com alta liquidez). Isso seria 12% ao ano, sem risco, sem imprevistos, sem nenhuma contrapartida. Simplesmente não fecha com a realidade da nossa economia. Basta comparar com os valores acima. É possível conseguir valorizações elevadas com ações, opções, criptomoedas, mas o risco é elevado. Ninguém pode prometer ganhos em investimentos nessas classes de ativo.
Moral da história: investimentos são sempre uma troca. Se o risco é baixo, o retorno é menor; se você busca a possibilidade de ganhar bastante a curto prazo, tem que aceitar que correrá mais risco de sair perdendo. Qualquer coisa diferente disso é motivo para desconfiança. Não jogue fora o fruto do seu trabalho enriquecendo espertalhões. Não esqueça: se parece bom demais para ser verdade…
Obs.: como leitura complementar, sugiro o artigo abaixo: