As 10 melhores séries de TV de todos os tempos

Talvez algumas pessoas nem percebam, mas séries de TV nos acompanham por praticamente toda a vida. Seja na forma de desenhos animados, novelas ou no formato americano de episódios semanais divididos por temporadas, é quase certo que, em qualquer dado momento, cada um de nós estará acompanhando pelo menos uma série de TV. As minhas lembranças sobre o assunto começam em meados da década de 1980, com He-man, Thundercats, Caverna do Dragão e os longínquos live-action japoneses (os primeiros que eu acompanhei foram Jaspion e Changeman, e lembro de brincar com meus amigos depois de cada episódio). São ainda dessa época os primeiros seriados americanos de que me lembro, Profissão: Perigo e A Dama de Ouro.

Os anos passam e o que procuramos na TV muda. Na década de 1990 passei pelo período mais intenso de dedicação às séries. Eventualmente, cheguei a ficar na frente da TV das 13h às 23h, vendo tudo o que podia. Fizeram parte dessa fase Party of Five, Married with Children, The Nanny, Mad About You, Dawson’s Creek, Friends além de reprises de Anos Incríveis, Who’s the Boss, Full House e Step by Step. Nessa época também começou a passar na Globo o seriado E.R., com o nome de Plantão Médico. Na parte final da década, já na faculdade, deixei de lado o culto aos seriados. As exceções foram Buffy – A Caça-Vampiros, Angel, Fresh Prince of Bel-Air e Os Simpsons, assistidos quando possível.

Os anos 2000 trouxeram altos e baixos em termos de interesse pela TV. Friends e Angel, em suas fases finais, e Smallville iniciando, me mantiveram na frente da telinha por algum tempo. 24 Horas me cativou, mas a velocidade para desligar o televisor depois de cada episódio era a mesma usada para ligá-lo antes. Só voltei a acompanhar seriados com frequência e interesse após me reestabelecer em Porto Alegre, depois de completar meu mestrado. Mas a mudança de foco foi clara: séries predominantemente adultas substituíram as comédias, as séries adolescentes e “família”. Nominalmente, tratam-se de House, Law and Order, Law and Order: SVU, Dexter, Justified, dentre outras.

Dito tudo isso, acredito que não sou nenhum especialista em séries. Há muitas que são consideradas excelentes e que eu nunca assisti, como M.A.S.H., Lost e The Shield. Além disso, seriados só foram minha forma de arte preferida durante um período curto dentro da década de 1990. Mesmo assim, frente a toda essa estória que me acompanha desde a infância, decidi que seria legal montar um ranking das minhas preferidas. E o critério, no fim das contas, é esse, as minhas preferidas. Então vamos lá.

10. Anos Incríveis (Wonder Years, 1988-1993) – acompanhando a infância e adolescência do menino Kevin Arnold, sua família e seus melhores amigos, Anos Incríveis talvez tenha sido o mais sublime retrato dessa fase linda e conflituosa da vida. A ambientação nos anos 1960 ajudava a criar o clima para todas as dúvidas, as descobertas, as vitórias e as derrotas que lentamente moldaram o caráter de Kevin, e que ele conta durante os episódios, nos quais narra, já adulto, os acontecimentos que o marcaram. Até a abertura do seriado era bela, embalada pela versão de Joe Cocker para With a Little Help From My Friends.

09. Angel (idem, 1999-2004) – começou como um spin-off de Buffy, A Caça-Vampiros, com personagens um tanto bobinhos e alívios cômicos sem muita graça, o pior deles carregado da série original. Refiro-me ao personagem Wesley. A evolução do seriado pode ser avaliada através da mudança deste personagem. De um ajudante desengonçado, Wesley chega a um assassino de moral dúbia, atormentado por um amor impossível e cercado por demônios – digo, metaforicamente, afinal em uma série sobre vampiros, é óbvio que todos vivem cercados por demônios. Angel conta ainda um dos finais mais wtf – no bom sentido – que eu já vi.

08. Law and Order: Special Victims Unit (idem, 1999-presente) – criada para aproveitar o sucesso da série Law and Order original, SVU conseguiu algo muito difícil: superou sua inspiradora. As “vítimas especiais” do título são aquelas que sofreram crimes sexuais, abuso, violência doméstica e afins. Um tema pesado e complexo, mas que foi e vem sendo retratado com a mistura certa de emoção e sobriedade ao longo das 11 temporadas já exibidas (a 12ª já está em exibição nos EUA). Contribui bastante para o sucesso da série a presença de Mariska Hargitay e e Christopher Meloni no elenco – ela bastante reconhecida por seu papel, ele nem tanto, injustamente alias. Eles interpretam a dupla principal de detetives, e já protagonizaram cenas antológicas confundindo e ludibriando criminosos e suspeitos, tanto em salas de interrogatório quanto nas ruas, em situações de perigo.

07. 24 Horas (24, 2001-2010) – um seriado em que cada minuto de exibição representa um minuto nos acontecimentos, em que cada temporada representa um dia na vida dos personagens. Impossível? Não, foi feito e muito bem feito em 24 Horas. Ou foi muito bem feito até certo ponto. Depois de se tornar a série mais aclamada do mundo, 24 Horas desgastou-se e passou a ser bastante criticada, em especial a partir da sexta temporada. Mas isso não muda o fato de que a primeira, a segunda e a quinta temporadas são obras-primas da arte televisiva.

06. Married with Children (idem, 1987-1997) – uma família disfuncional, um pai perdedor, filhos fracassados, carro velho, vício por televisão… Os Simpsons?! Não, Married with Children, o seriado que retratava o dia a dia da família Bundy. O pai, Al, interpretado por Ed O’Neil talvez seja tão emblemático quanto Homer Simpson das falhas da sociedade estadunidense. Mas ainda mais importante é que algumas piadas quase me derrubavam da cadeira de tanto rir.

05. O Quinteto (Party of Five, 1994-2000) – cinco irmãos precisam sobreviver por si próprios após a morte dos pais em um acidente de carro. Essa foi a série que despertou minha paixão para os seriados americanos. O primeiro episódio que eu vi foi aquele em que o homem que causou a morte dos pais sai da cadeia. Cada um dos filhos termina por confrontar esse homem, por motivos diferentes, mas com resultados semelhantes. Fiquei extremamente impressionado com aquilo. Vieram problemas com alcoolismo, sexo, drogas, faculdade, casamento, sem nunca separar a família. Isso até o último episódio, no qual eles finalmente completam a sua jornada familiar e partem em busca de completar suas vidas, cada um a seu modo. Um modelo de sensibilidade.

04. House (House, M.D., 2004-presente) – possivelmente um dos personagens mais emblemáticos da TV, o doutor Gregory House lidera uma equipe cujo objetivo é diagnosticar pacientes que os outros médicos não conseguem ajudar. A mistura de drama hospitalar com suspense investigativo garantiu o grande sucesso da série, que encontra-se em sua sétima temporada. Não tem atualmente a força que teve no início, mas continua sendo capaz de cativar e impressionar, em grande parte devido ao trabalho do ator Hugh Laurie, que dá vida ao personagem título. Os diálogos estão entre os melhores da TV.

03. Dexter (idem, 2006-presente) – abrindo o pódio, o mais fantástico anti-herói da TV, o serial killer bonzinho Dexter Morgan. Um psicopata que foi treinado pelo próprio pai – um policial – para matar apenas criminosos que a justiça deixou escapar, Dexter tenta se encaixar no mundo sem levantar suspeitas, ao mesmo tempo em que sacia sua necessidade de matar. Capitaneado pelo excelente Michael C. Hall, o elenco de Dexter surpreende: à primeira vista, parece uma coleção de atores de segunda linha selecionados por se adequarem fisicamente aos papéis. Ao trazer à vida os bons roteiros, o elenco oferece desempenhos acima da média. Dexter conta ainda com ótimas direção e fotografia, criando cenas esteticamente impressionantes. É possível, entretanto, que o mais impressionante em Dexter seja o senso de urgência que é impresso a cada episódio. Por mais banal que alguma subtrama possa parecer, há sempre a sensação de que o céu pode desabar, de que um passo em falso irá condenar alguém à perdição – e no universo de Dexter Morgan, perdição pode significar várias coisas. Se tudo isso não fosse suficiente para garantir lugar entre os três primeiros, a abertura é magnífica.

02. Friends (idem, 1994-2004) – possivelmente a segunda série mais popular de todos os tempos, Friends tem motivo para ter conquistado tanto sucesso. Apesar do tom leve de sitcom – com piadas muito boas, diga-se de passagem – Friends soube retratar o espírito de uma geração, com suas dúvidas e problemas, e sempre apresentando a mensagem positiva de que tudo é superável quando se tem amigos de verdade. É virtualmente impossível não se identificar com o mosaico representado pelos seis personagens, tão diferentes entre si, e ainda assim tão parecidos. Friends é um daqueles casos da obra certa, na hora certa, com os atores certos. Talvez não pudesse ter dado certo de nenhuma outra forma. Mas foi dessa forma que aconteceu, e deu certo. Deu muito certo.

Bom, será que você é capaz de adivinhar quem ganhou minha preferência? Não deixa de ser uma escolha óbvia.

01. Os Simpsons (The Simpsons, 1989-presente) – o que dizer sobre Os Simpsons? Que é a séria mais famosa de todas? A mais duradoura? Uma das mais premiadas? Tudo isso e mais um pouco? O fato é que, muitos anos atrás, a ideia de retratar uma família que simbolizasse e ao mesmo tempo satirizasse o american way of life chegou à televisão e mudou tudo. Incorreção política, metalinguagem, desconstrução, inversões constantes de expectativa, a capacidade de rir dos outros e de si mesma, tudo isso torna os Simpsons não apenas uma obra a ser apreciada, mas também uma a ser avaliada e estudada. Mais do que isso, é provável que Homer Simpson seja o maior ícone da TV, um símbolo pop com representatividade semelhante à do Superman (com o qual, alias, o primeiro teaser de Os Simpsons – O Filme brincava). Quer mais um motivo? É engraçado até não poder mais!